Porto Alegre - Eu e minha melhor amiga, dos tempos das fraldas e cabelinhos de xitãozinho e xororó (juro, nossas mães fizeram isso, tenho fotos para provar, mas não mostro nem sob tortura) colocando as fofocas em dia no ônibus a caminho da Federal, onde ela faz Doutorado (pooooodre de chique ela, inteligeeeente... ah, e linda, claro!). Fiquei feito criança só porque tinha um televisãozinha no busão, nem prestava mais atenção em nada, só vendo os trailers dos filmes e porcariadas do tipo. Um calooor que Deus mandava, eu suando só um pouco (parecia uma torneira com o registro quebrado), desejando com todo fervor que o busão chegasse logo, só para eu poder pegar um ventinho antes que a maquiagem dos olhos derretesse e me fizesse parecer um urso panda!
Finalmente chegamos – cidade grande é tudo longe. Aqui com uns 15 quilômetros você atravessa a cidade, dá até para ir andando. Lá é tudo longe e a maioria das pessoas faz cara de dor de barriga o dia todo, coisa de louco!!! Eu já tava facera porque o taxista do dia anterior tinha me dado desconto na corrida sem eu nem pedir. Não sei porque, mas desconto a gente não questiona... A gente aceita e sai correndo logo antes que o vivente mude de idéia. Eu sou “pobre” e nem um pouco orgulhosa!!!
Bom, dentro da Federal, depois de hooooooras mofando enquanto a minha amiga trabalhava, deu fome! Detalhe foi que fiquei na biblioteca, navegando na Internet, enquanto ela estava no laboratório tentando conquistar o mundo. A biblioteca era do tipo que só abre com o crachá da criatura, passando o cartão magnético para abrir a porta. Depois de algumas horas lá dentro, olhão arregalado (sim, os 2), suada, descabelada e com síndrome do pânico – ou terá sido apenas paranóia decorrente do fato de a porta não abrir quando eu quisesse? – chamei a Ju para me soltar da jaula! Foi traumatizante, sim, mas fome eu não perco é nunca! Muito menos a vontade de comer! Mesmo à beira de um ataque de nervos!!!
Antes de ir embora, bem mais tarde, resolvemos fazer um lanchinho (to falando, comida eu não recuso) em uma cantina lá dentro da universidade. No balcão atendendo tinha um gauchão típico, bigodão e sorrisão aberto. Nos aproximamos e ele foi logo perguntando:
- (Gauchão) Mas o que que era pra vocês? (eu juro que ouvi o tchê, mesmo ele não tendo falado)
- (Ju) Eu quero um refrigerante de limão (sim, ela pediu pelo nome, mas para mim aquilo era uma bebida intergalática que eu não fazia a mínima idéia que existia, portanto não lembro o nome - aliás, nomes eu não lembro de quase nada!)
- (Gauchão) E tu? (sim, o tu no caso sou eu!)
- (Anne) Eu quero um café com leite e um beijinho... (sim, falei na maior inocência, na santa distração do universo paralelo em que eu vivo normalmente...)
- (Gauchão) Masss baaaahhhhh... faz a voLLLLLta no baLLLcão que eu tÊ Êncho de beijinho...(notaram os realces no sotaque, heim, heim? Eu sou um gênio! Traduzi todo o gauchês por escrito!!!)
Beijinho, para quem não sabe, é o nome de um doce parecido com o brigadeiro, só que branco. Em Porto Alegre ele me disse que se chama “branquinho”, aqui em SC é beijinho mesmo. Eu e a Ju quase nem rimos... eu que sou a mais fiasquenta, quase tive que sentar no chão para prevenir possíveis acidentes de tanto que ria. O tio ria junto, evidentemente...
Consegui o docinho, apesar de que teria sido mais seguro fazer mímica! Mas nem vou entrar em detalhes para o que aconteceu depois que eu comi o doce... era enorme, dooooce, uma delícia. Deu uma dooor de barriga e depois de mais 30 minutos no busão voltando para casa... NEM CONTO. Para quem já leu meus posts anteriores, só isso já basta para imaginar o desastre... Masssss, felizmente, também não foi dessa vez que eu perdi as pregas!!!!
Regionalismo é fogo mesmo! Lembrei que aqui no sul o povo pede "cassetinho" quando vai comprar um pão francês dos pequenos (ou vários "cassetinhos" quando é mais do que um) . Fiquei me imaginando comprando uma BAGUETE e acabei tendo que rir sozinha...
- Anne -
P.S.: A imagem de ilustração foi o Edu, nosso amigo, que fez!!! Ficou linda, obrigada mesmo!