Essa história aconteceu em julho de 2000, no dia do embarque para o meu destino nas férias daquele ano. Era por volta de duas da manhã e eu estava no aeroporto, na fila do check in, quando meus olhinhos até então sonolentos e entediados descobriram o cabeludinho lá atrás. Bermudão, chinelo, tattoo tamanho GG na panturrilha, violão a tiracolo, maior jeitão de Humberto Gessinger (e nessa época eu era uma viciada irrecuperável em Engenheiros do Hawaii). Gatíssimo. E embarcaria no mesmo vôo... e para a mesma cidade... e coisa e tal... e pá e pans... entenderam, né?
E foi rolando check in, e embarque, e vuco-vuco, e vuco-vuco, e eu de olho no tal “gateeenho”... todo mundo tomou seus assentos, eu que não sou boba nem nada com radar no olhão aberto para ver se o lugar ao lado do moçoilo estava mesmo vago. E já estava de pé, me preparando pra trocar de assento (e não preciso dizer onde eu ia sentar, preciso?), quando fui, literalmente, imprensada por uma vovó aparentemente inofensiva e seu netinho de oito anos (claramente nada inofensivo). Ela me olhou com aquele sorriso chantagista cheio de doçura e dentes artificiais, bem típico das vovós, e pediu, o mais desprotegidamente possível, que eu lhe fizesse companhia durante o vôo, pois morria de medo de viajar de avião. Que #$&@*%$#... justo na hora em que eu me preparava para consumar o meu plano infalível... mas se aquela velhinha tivesse um treco no avião e batesse as botas, eu ia carregar a culpa da minha volúpia pelo resto da vida, Deus me livre alguém perder sua vovó por minha causa. Paciência. Fiquei.
Não demorou muito para que a vovó se revelasse uma criatura de altíssima periculosidade. Em menos de dez minutos após a decolagem aquela boquinha nervosa se danou a enumerar todos os casos de acidentes aéreos que havia presenciado durante sua vida inteira (e olha que ela já tinha vivido muito)... e juro que não havia mais nenhum vestígio da velhinha que havia me aliciado com aquele tipo de vovozinha indefesa – o rosto se contorcia numa expressão de prazer mórbido, os olhos se esbugalhando, os braços gesticulando, e gesticulando, e gesticulando... e eu me encolhendo na poltrona, achando tudo aquilo realmente muito desagradável. Na melhor das hipóteses, aquela vovó devia ser uma gângster. E ela falava, e o netinho falava, e eu me encolhia mais e mais, e os “causos” não tinham fim, e os dois atacavam a minha bandeja e enfiavam os petiscos dentro da bolsa “para fazer uma boquinha antes da aterrissagem”... e o cabeludinho vendo tudo lá do lugarzinho dele, se lascando de rir, com certeza achando que eu era sangue daquela terrorista. Não adiantava mais nem jogar charme, no way um “gateeenho” descoladíssimo daqueles dando papo pra uma integrante da família Adams.... Diante disso, só o que eu podia fazer era me recolher à minha insignificância e esperar aquela viagem tenebrosa terminar de uma vez.
Assim que anunciaram o desembarque, peguei minhas coisas e capei o gato do avião quase voando, sem olhar para a cara de ninguém – porque o meu desconfiômetro pode não funcionar para algumas coisas, mas para outras é uma beleza... e já ao lado da esteira rolante, esperando pacientemente minhas malas com cara de “quem-não-comeu-e-não-gostou”, senti uma mão me tocar o braço. Gelei. Pelamordedeus, aquela velhinha de novo não... e qual não foi minha surpresa quando me virei e não vi a vovó terrorista ali. Quem era, hein, hein, hein? O cabeludinho, mó sorrisão, dizendo que tinha se divertido horrores, que eu era um anjo de paciência e patatipatatá... ainnn, coisa lindaaaaa... nos apresentamos, trocamos telefone, nos vimos vááárias vezes... e nem preciso dizer que não foi só por causa da tortura psicológica imposta pela vovozinha macabra à singela pessoa que vos fala que essas férias entraram para a história, né? Eh, laiá!!
14 comentários:
Cacetada,mais que tortura psicológica hem...hahahaha
"Feliz Natal para você! Que a glória que nós celebramos nesta época de Natal preencha sua vida para hoje e sempre." Norman Vincent Peale
*beijoks
A vovózinha te fez um favorzão, se não fosse ela, talvez o gatenho nem te desse bola, ou não, rs... hehehe
Feliz Natal e que 2008 seja o ano das realizações!
São os votos do "By Oscar Luiz", do "Flainando na Web" e do "Gente Sem Saúde".
Um grande beijo deste amigo que adora vocês todas!
Ele se divertiu às suas custas e depois te deu um prêmio.. hehehe
Ai ai.. eu nunca dou estas sortes na Gol.. que coisa.. ahahaa
beijosss
Erika
Primeiraa. uhull!
Nossa que vovo incoveniente hein??
kkkk
Mas pelo menos o cabeludinho te procurou!!!
bjosss
FELIZ NATAL
KKKKKKKKKKKKKKK
Passei lá no Chá de Sumiço e Anne aconselhou a passear por aqui... Que surpresa boa!!! Adorei!!!
kkkkkkkkkkkkk
bjoks
Agora o feliz natal coletivo hahahahaha
Feliz Natal pra vocês três!!! :o)
hehehe pelos Deuses, pelo menos a vovó serviu de alguma coisa huahauhaua
passando pra desejar Feliz Natal!!!!!!!!
Um ano novo com Paz, Saúde bastante Amor no coração de todos!! Que 2008 seja repleto de sonhos, e que possamos realizar todos eles!!!!!!
Beijos!!!!!!!!
Tá vendo? Nem sempre tudo está perdido!
Gostei do blog, voltarei mais vezes...
:*
NOoooooooooooooossa Fláviaaa...
que tortura....
eu teria me descotrolado na metade... rsrsrsrsrsrsrs
mas no final, tudo deu certo né...rs
bjus
da proxima vez leve Haldol na bolsa moça! quando uma velhinha dessas se distrair, tasca nela uma injeção na coxa! kkkk Fica na paz rapidinho!
rsrsrs
bjs!
UAHUAHAUHAUHAU!!! PUTZ....KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
COMO DIZ MEU COLEGA: "ANOS DE TERAPIA NÃO IRÃO CURAR ESTE MOMENTO!" UHAUHAUAHUHA
PELO MENOS TUDO TERMINOU BEM E VC DECOLOU O "GATEEEENHO"
ESSA VOVÓ DEVE SER DA "ALCÁEDA" HUAHAUHAUAHUAH
BJ!!!
AMEI A HISTÓRIA!!!!! HUAHAUHAUHAUHAUAHUA
RAY
Rsrsrs*
Adorei o blog de vcs! Que bom q essa história teve um final feliz!
Feliz Ano Novo \o/
Bjs *)
Mas esta valeu a pena hein??? Se pa não teria surtido efeito a abordagem direta... já o sofrimento sofrido... conquistou o "engenheiro"... hauhauahaa... só vc mesmo florzinha... hehehehe... e ainda se deu muito bem... ai ai ai... hauahauahauha
Beijos Mila
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