Bom, eu já contei em outro post a respeito dos problemas que eu já tive com uma certa pecinha do meu corpo, que meu irmão gentilmente chama de “saideira”. Eventualmente acontece algum episódio que me lembra que essa parte existe e, se houvesse uma hierarquia no corpo, provavelmente ele seria o chefe ou algum dos diretores.
Pois bem, a primeira vez que tive problemas com isso foi ainda durante a faculdade (só deixando claro que não foi caso de abuso do equipamento, a pecinha estava absolutamente sossegada no seu canto, descansando no sopé das montanhas). O trocinho doía, ardia, tava todo fora do normal e sinceramente, eu acho até que ele piscava pra mim. Já que não dava pra ficar todos os dias em casa com a bunda pra cima, decidi que seria o caso de consultar um proctologista... mas quem???
O pai de uma amiga, que era médico, recomendou um colega. Seriam só três meses de espera por uma vaga (e eu com o fiofó nas ultimas)... Telefonei em seguida para a ÚNICA mulher que trabalhava com isso, calculei que mostrar o brioco pra uma mulher seria menos embaraçoso. Essa também, fila de uns três meses. Apelei para o meu enorme bom senso, abri a lista telefônica e comecei a observar o número do registro no CRM de cada um dos proctologistas restantes. Por que isso? Ora, se era pra mostrar o toba, que fosse pra um senhor que tivesse idade para ser o meu bisavô, praticamente um matuzalém e que, de preferência, enxergasse pouco. Provavelmente ele teria visto tantos orifícios anais que não ia nem dar bola para o meu.
Pois bem, cheguei ao consultório e fiquei na sala de espera, logicamente esperando. Dali a pouco entra uma verdadeira múmia, praticamente transparente de tão pálido (sim, mais do que eu), cheirando a cigarro e tossindo no melhor estilo “mamãe, sem os pulmões”. Pelo jaleco imaginei que fosse o Doutor e imaginei em seguida se ele conseguiria me examinar antes de esticar as canelas, já que os pulmões praticamente vinham para fora e me diziam helloowww a cada tossida.
Fomos para a sala dele, expliquei o sucedido em minhas suaves e delicadas palavras, algo do tipo “doutor, meu fróis ta queimando” e ele me encaminhou para a famigerada e temida sala de exames. Já entrei olhando se havia uma rota de fuga, caso a vergonha fosse me matar e eu precisasse tomar um vento. Ele disse para eu tirar as calças e me colocar em decúbito ventral. Eu pensei “what the poha is that????”. Perguntei e ele disse que era pra deitar na maca, barriga para baixo (ta, eu tinha imaginado que era isso, mas precisava enrolar um pouco mais pra me preparar psicologicamente).
Deitei e fiquei observando o Doutor, que se aproximou com um par de luvas e um baita pote de alguma coisa nas mãos. Delicada como sou, perguntei “Doutor, para que esse potão aí?”. Ele disse que era vaselina (se bem me lembro) e ele ia passar um pouco nos dedos para fazer o exame. Perguntei “o senhor não vai enfiar dedo nenhum para examinar nada ali pra dentro não, né? O problema é fora, Doutor, é fora!!!!!” (já arregalando os olhos e examinando rapidamente a espessura dos dedinhos do médico). Ele sorriu e disse que não, que só examinaria mesmo. Luvas e vaselina a postos, ele gentilmente afastou as bandas da bunda (puuuuta merda, que vergonha que dá) e fez o dito exame rapidamente, porque eu pedi que fosse um exame a jato, do tipo “pronto, já vi” e tchau!
Pois bem, descoberto o problema (não, nem eram hemorróidas, era coisa bem mais simples, mas igualmente doída, ardida e desgracenta), receita na mão e alguns dias de pomada na rosca e antinflamatórios e novamente tudo sob controle. Pregas no lugar, graças!!!! Aliás, elas continuam no lugar, viu? Espero que nunca mais queiram mostrar a sua supremacia, senão eu to lascada!
Lembro que saí de lá tentando descobrir porque é que é tão mais embaraçoso mostrar o rabisteco para um médico, do que a perereca para uma ginecologista... Será que Freud explica???
- Anne -
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