NOTA DE ESCLARECIMENTO: O acontecido descrito no texto a seguir não foi vivido por minha indescritível pessoa, mas por outra pessoa que eu obviamente não vou contar quem é. Escrevi em primeira pessoa porque prefiro, acho que fica mais engraçado e mais fácil de ser devidamente esculhambado. Se você não gosta de textos esculachados nem leia. Eu adoro humor exagerado (feito eu).
Uma das coisas mais tristes na
vida de uma pessoa é ouvir do médico que tem que operar as pregas. Sim, essas
aí mesmo que vocês estão pensando! Não sei especificar se a tristeza começa ao
saber disso ou começa só naquele maravilhoso momento em que enfiam um cano na
sua rabisteca, achando tudo lindo... Afinal, NO DOS OUTROS é refresco. Ahhh, o
exame. O médico diz que a dita colonoscopia (com um nome desse só pode dar
merda – fui até pesquisar no Google pra ver se tinha escrito isso aí direito)
vai ser SUSSA, tem sedação e coisa e tal. Aí você vai na dele e até se anima.
Ele te manda tomar um laxantinho um dia antes, do tipo bem suave, aquele que te
faz cagar até o cérebro, a alma e arrebentar até o que ainda estava no lugar!
Você sai do banheiro meio morto, enjoado e já pensando que o médico foi um
baita sacana...
Aí você vai para o dito exame, o
cara te faz esperar umas 2 horas em jejum e com uma avalanche rolando dentro do
seu intestino (sabe como?). Você ali na sala de espera suando, não se sabe bem
se de nervoso ou porque ainda não passou o prenúncio de tempestade. Finalmente
te levam, te sedam (UFA!) e fazem o tal do exame que deixa as suas pregas
levemente mais afrouxadas do que já estavam anteriormente, afinal, desgraça
pouca é bobagem e já que vai arrumar o negócio é melhor desgraçar de vez!
Chega o dia da cirurgia e você
vai ao hospital, tranquilo, afinal a anestesia nem é geral, é só aquela
gostosinha que enfiam um agulhão na sua coluna, SUSSA! Você super tranquilo com
isso, te internam às dez da manhã para fazer a cirurgia às cinco da tarde,
esperar é sempre uma delícia. Ainda mais quando entra uma enfermeira para fazer
um PROCEDIMENTO e manda todo mundo sair... Você já pressente que boa coisa não
pode ser. Lavagem intestinal, mais uma delícia que só o seu proctologista pode
oferecer. Experimente, satisfação garantida ou o seu toba devolta!
Tudo pronto, você meio enjoada,
meio branca, meio arrombada, mas já perdendo a paciência com a espera, o que
até é bom para passar o medo. Medo pra que? Procedimento SUSSA. Ok... Te levam
para a sala de espera que fica ao lado da sala de cirurgia e te colocam o
camisolão verde-pavor, os sapatinhos de frango assado e aquela toca que acaba
com o seu cabelo, enquanto você espera a vez (sim, tinha fila naquele dia).
Você fica realmente tranquilo quando vê o carrinho de ressuscitação (tive que
ver essa no Google também) passar por você com uma enfermeira esbaforida
enquanto você escuta um FOOOF (imaginando o corpo tomando um choque, ouvindo
aquele PIIIIIIIIII e tudo o mais) enquanto o médico está chamando a pessoa pelo
nome e aquela coisa toda que a gente vê em filmes mas nunca quer ver ao vivo,
ainda mais ali, paramentado de frango verde, esperando a vez para o refazimento
das pregas (que a essas alturas já soltaram de vez).
Aí vem a enfermeira avisar que a
cirurgia vai ficar para o outro dia... A essa altura eu achei foi bom. Aposto
que as pregas do médico estavam piores que as minhas depois do susto. Preciso
escrever sobre cama de hospital, madrugada com as enfermeiras entrando toda vez
que você finalmente pega no sono e etc.? Acho que todo mundo conhece as
maravilhas de uma internação. De manhã cedo lá vou eu novamente para a sala cirúrgica,
mas dessa vez em uma hora minhas pregas estão todas refeitas, zeradas, novinhas
em folha.
Diz a lenda que na hora de sair
da anestesia eu fiquei olhando fixamente para a minha mão direita, lembrando
aquele bebezinho do filme “olha quem está falando” depois que a mãe toma uma
injeção de Demerol na hora do parto e ele fica doidão agitando a mãozinha e
dizendo “olhaaaaa, que mãozinha cóooosmica” (se você lembra, você é velho feito
eu, ou até mais – se ferrou!). Não vou mentir para quem ainda vai refazer as
pregas... DÓI... Mas dói PRA CARALHO. Especialmente quando você tem que ir ao
banheiro depois da cirurgia e não sabe se chora, se grita, se desmaia ou se faz
tudo isso ao mesmo tempo. Eu só não desmaiei, mas acho que perdi a nova rosca
no vaso e desperdicei o trabalho do médico... Pela dor, só pode.
Enfim, não vejo a hora de estar
tudo cicatrizado e o meu toba novo em folha, zero bala, pronto para uns 50 anos
de vida sem dor. Caso ele se arrependa e volte a doer, acho que o canal é
tentar uma cauterização caseira, usando um fósforo e um tubo de desodorante
spray...
Imagem: Henrique Sanches (adorei - na original tem uma bunda se projetando ali na frente do doutor, mas eu preferi assim, sutil feito o texto - hahaha)