domingo, 27 de julho de 2008

O Proctologista e Eu...




Bom, eu já contei em outro post a respeito dos problemas que eu já tive com uma certa pecinha do meu corpo, que meu irmão gentilmente chama de “saideira”. Eventualmente acontece algum episódio que me lembra que essa parte existe e, se houvesse uma hierarquia no corpo, provavelmente ele seria o chefe ou algum dos diretores.



Pois bem, a primeira vez que tive problemas com isso foi ainda durante a faculdade (só deixando claro que não foi caso de abuso do equipamento, a pecinha estava absolutamente sossegada no seu canto, descansando no sopé das montanhas). O trocinho doía, ardia, tava todo fora do normal e sinceramente, eu acho até que ele piscava pra mim. Já que não dava pra ficar todos os dias em casa com a bunda pra cima, decidi que seria o caso de consultar um proctologista... mas quem???
O pai de uma amiga, que era médico, recomendou um colega. Seriam três meses de espera por uma vaga (e eu com o fiofó nas ultimas)... Telefonei em seguida para a ÚNICA mulher que trabalhava com isso, calculei que mostrar o brioco pra uma mulher seria menos embaraçoso. Essa também, fila de uns três meses. Apelei para o meu enorme bom senso, abri a lista telefônica e comecei a observar o número do registro no CRM de cada um dos proctologistas restantes. Por que isso? Ora, se era pra mostrar o toba, que fosse pra um senhor que tivesse idade para ser o meu bisavô, praticamente um matuzalém e que, de preferência, enxergasse pouco. Provavelmente ele teria visto tantos orifícios anais que não ia nem dar bola para o meu.
Pois bem, cheguei ao consultório e fiquei na sala de espera, logicamente esperando. Dali a pouco entra uma verdadeira múmia, praticamente transparente de tão pálido (sim, mais do que eu), cheirando a cigarro e tossindo no melhor estilo “mamãe, sem os pulmões”. Pelo jaleco imaginei que fosse o Doutor e imaginei em seguida se ele conseguiria me examinar antes de esticar as canelas, já que os pulmões praticamente vinham para fora e me diziam helloowww a cada tossida.
Fomos para a sala dele, expliquei o sucedido em minhas suaves e delicadas palavras, algo do tipo “doutor, meu fróis ta queimando” e ele me encaminhou para a famigerada e temida sala de exames. Já entrei olhando se havia uma rota de fuga, caso a vergonha fosse me matar e eu precisasse tomar um vento. Ele disse para eu tirar as calças e me colocar em decúbito ventral. Eu pensei “what the poha is that????”. Perguntei e ele disse que era pra deitar na maca, barriga para baixo (ta, eu tinha imaginado que era isso, mas precisava enrolar um pouco mais pra me preparar psicologicamente).
Deitei e fiquei observando o Doutor, que se aproximou com um par de luvas e um baita pote de alguma coisa nas mãos. Delicada como sou, perguntei “Doutor, para que esse potão aí?”. Ele disse que era vaselina (se bem me lembro) e ele ia passar um pouco nos dedos para fazer o exame. Perguntei “o senhor não vai enfiar dedo nenhum para examinar nada ali pra dentro não, né? O problema é fora, Doutor, é fora!!!!!” (já arregalando os olhos e examinando rapidamente a espessura dos dedinhos do médico). Ele sorriu e disse que não, que só examinaria mesmo. Luvas e vaselina a postos, ele gentilmente afastou as bandas da bunda (puuuuta merda, que vergonha que dá) e fez o dito exame rapidamente, porque eu pedi que fosse um exame a jato, do tipo “pronto, já vi” e tchau!
Pois bem, descoberto o problema (não, nem eram hemorróidas, era coisa bem mais simples, mas igualmente doída, ardida e desgracenta), receita na mão e alguns dias de pomada na rosca e antinflamatórios e novamente tudo sob controle. Pregas no lugar, graças!!!! Aliás, elas continuam no lugar, viu? Espero que nunca mais queiram mostrar a sua supremacia, senão eu to lascada!
Lembro que saí de lá tentando descobrir porque é que é tão mais embaraçoso mostrar o rabisteco para um médico, do que a perereca para uma ginecologista... Será que Freud explica???

- Anne - 


Imagem: Deviant Art

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Caverna do Dragão

Não, esse não é um post sobre desenhos animados. Mas tinha uma caverna no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma caverna...
As aulas práticas de urologia da faculdade eram realizadas em pequenos grupos de oito alunos cada. E eu era a única mulher do meu grupo. E o mais perto que havia chegado daquele lugarzinho “entrebundas” era ter trocado a fralda do meu primo, na época em que ele não falava, não andava e não tinha o “olho de Thundera” peludo... nunca gostei de botar a mão nas coisas dos outros – ainda mais quando dessas coisas saem outras coisas desagradáveis. Em suma: eu sempre dava um jeito de escorregar do “serviço” – ficava de papo com o profi e abocanhava todas as consultas, enquanto os rapazes faziam o serviço pesado. E o profi gostava tanto de falar que chegava e já me procurava pra contar as novidades... acho que o que estragou meu plano foi a intimidade...
O paciente entrou e, mal sentou, o profi gritou lá de trás “esse é da doutora, moçada”... e logo estávamos só eu, o profi e a “vítima”... chegou a hora do exame físico e o profi olha pro rapaz dizendo pra ele baixar as calças e se debruçar na maca. Eu, calada, constrangidíssima, mas com a maior estampa de profissa (ou, pelo menos, tentando manter, já que a situação, embora ridícula, exigia isso) pensando na melhor desculpa pra não ter que enfiar meu dedinho na “private area” do moço... e o moço também não tava muito a fim de “interagir” daquele jeito comigo – se debruçou na maca todo travado (como se, ao invés do meu dedinho delicado e inócuo ele estivesse na mira de um tarado tamanho “ui-como-era-grande”)... e foi nessa hora que o profi, impaciente, se achegou ao coitado e soltou a pérola:
- Nãããão, “meu amor” (meu amor????? Eu não precisava ouvir isso!!)... não é assim... relaxa (ahan, como se fosse fácil)... abre beeeeeem as perninhas (e nesse “abre beeeeeem as perninhas” ele literalmente ABRIU com a mãos as duas hemibundas do homem, pelamor, e ficou me olhando com aquela cara de “vem que é tua, Taffarel”!!)... não preciso dizer que não tive escapatória, né? Fechei os olhos, disse mentalmente “ai meu deusuuu” umas 4965089790 vezes, calcei as luvas, me posicionei na cara do gol e fui... ai... o que a gente não faz por uma boa nota... resumindo um pouco a história, terminei meu exame físico (sim, eu aprendi onde fica a próstata) e depois de uma breve conversa (interminável do meu ponto de vista de moça constrangida por ter “desvirginado” a caverna do cara), dispensei o paciente. Fui embora decidida a esquecer aquele “meu amor, abre beeeeeem as perninhas”... e a não ser urologista... já pensou se eu pego gosto pela coisa??? Ui...