terça-feira, 9 de outubro de 2007

Dias de trovão - a cirurgia


Fim do ano passado me internei no hospital da minha cidade para fazer uma cirurgia no estômago e arrumar o dito do problema de refluxo que me incomodava desde que nasci. Normalmente eu acordava todas as noites com "o troço na goela" e não era do tipo que entra pela boca, mas do tipo que sobe de onde não deveria (e sobe com tração nas quatro rodas)...

Logo ao internar me deram uns comprimidos e mandaram que eu colocasse aquela oitava maravilha da natureza... a camisola verde pavor, aberta nas costas. Poucas coisas no mundo são mais ridículas do que aqueles sapatinhos de cirurgia! Não pude evitar de me comparar a um baita frango pronto pra entrar no forno. Se você colocar aquilo e se deitar naquela maravilhosa posição de cadeira de ginecologista, é um frango perfeito!!!!

Ao deitar na mesa gelada, eis que surge o meu médico (adoro ele), aperta minhas bochechas (do rosto, viu?) e pergunta: "como vai essa mimosa menina?". Olha... entre a camisola, o sapatinho e o "mimosa" ainda não decidi qual é o mais pavoroso!!! O anestesista começou a me explicar tudo o que ia acontecer comigo, como ia ser e blábláblá, ao que respondi:

- Doutor, corta o papo, injeta logo esse treco que eu adoro a parte de entrar na anestesia... o problema é a hora de sair dela, mas entrar é uma doidera!

Tudo correu relativamente bem! Na hora em que saí da anestesia o médico estava ao meu lado para explicar sei lá eu o que... a primeira coisa que lembrei de perguntar foi "doutor, iodo mancha a pele?". Ele ficou com cara de "vou ignorar a pergunta porque a maluca não deve estar raciocinando direito ainda", mas respondeu que não. É, eu tava com medo que o iodo tivesse manchado as minhas tatuagens... rs. Foi um alívio (só minha mãe que pensa que eu não vi ela rindo da minha cara quando perguntei isso).

Mais tarde, só eu e minha mãe no quarto, deu vontade de fazer xixi (horas depois de voltar da anestesia). Com um corte enorme e o quarto girando, não dava para ir ao banheiro e lá vem a mãe com a tal da "comadre". Pelamor de Deus, será que hospital só tem objetos estranhos, constrangedores, doloridos ou gelados? Enfim, fazer xixi deitada, em uma coisa metálica que dói ao encostar na pele é péssimo. Acabou sendo um breve momento de retorno à infância, porque a anestesia tirou a sensibilidade e eu relembrei o que é molhar o pijama... que fim!!! Achei que tinha terminado e não tinha, sabe como? A frase a seguir foi linda... "xiiii, mãe, acho que molhei o meu pijama novinho... desculpa e socorro!!!!"

Depois mais 30 dias de dieta líquida... sim, LÍQUIDA! Sinceramente, eu mato quem me convidar para comer sopa, a não ser que seja uma bem grossa e cheia de coisas sólidas dentro. Entre mortos e feridos, sobrevivi com um estômago refeito, uma cicatriz na barriga, 10 quilos a menos e posso dormir deitada sem surpresas internas na madrugada.

Lembro de ter estranhado o fato de o meu médico não saber que eu tenho uma mega tatuagem nas costas... pensando bem, estranho seria o fato de ele perceber que eu tenho, já que pra fazer uma cirurgia de estômago eu não teria que ficar nua de costas para ele...

- Anne - 

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